quarta-feira, 6 de março de 2013

Os ciclos

Tenho impressão que consigo separar bem, em mim, o que é racional do que não é. Foda querer usar lógica pra tentar descrever uma coisa que faz parte desse lado não racional, que vem embutido no cérebro. Não vou reclamar dele, afinal, é o que me faz querer continuar existindo. Mas também só quero existir porque ele me diz que devo existir, e, de preferência sentindo-me bem. Não existe resposta racional para querer existir. Divaguei. Era só pra falar que acho difícil falar de emoções, especialmente as minhas.

Tenho minhas variações de humor, como qualquer pessoa normal. Tá, talvez um pouco menos que uma pessoa normal. Acho difícil que alguém consiga diferenciar um dia que eu estou de bom ou mau humor. Nem eu mesmo consigo. O que ainda é mais aparente em mim, tratando-se de emocional, é a ansiedade social, mas hoje não é dia de falar dela.

Tô percebendo um possível padrão emocional que acontece em ciclos muito maiores. É como um dia de mau humor que dura semanas, ou até meses. Mau humor não define bem. É uma mistura de tristeza, desesperança e desapontamento com as pessoas. Entre outras coisas, é como se o futuro da humanidade fosse meu problema.

Começa como uma irritação irracional e sem motivo aparente. Então eu vejo as coisas que considero erradas e que já me conformei, mas não consigo mais ser tolerante com elas. Me conformei justamente por essas coisas estarem fora do meu alcance pra promover uma mudança significativa. E aí vem o sentimento de impotência. Junto com o inconformismo. Péssima mistura.

A impressão é que o universo conspira contra, mas eu sei que no máximo pode ser uma concentração de fatos, coincidências ou uma variação da média. Por outro lado parece que eu busco a desgraça emocional. Sim, parece que eu tenho atitudes propositais pra alcançar essa tristeza. Como se eu tivesse que equilibrar o resto do tempo que eu passo me sentindo muito bem e tranquilo.

A última fase ruim foi em 2011, quando comecei a escrever esse blog. Durou entre um e três meses, acredito. Depois disso, um ano e uns três ou quatro meses de bonança.

Há umas semanas a irritação começou. Mudei pra uma filosofia mais "foda-se" pra evitar o colapso, mas ao mesmo tempo fico me sabotando. Uma batalha interna bem ridícula, por sinal. Talvez seja mais fácil parar de "me esforçar" e deixar a fase ruim vir.

Ou, talvez amanhã eu perceba como sou uma bichona por querer me sentir triste, mesmo tendo uma vida tão fácil e boa. Bom, foi mais ou menos assim que acabou o último ciclo. Cedo ou tarde, é provavelmente isso que vai acontecer de novo.