terça-feira, 8 de novembro de 2011

A razão é uma vadia

Desde criança as pessoas dizem que sou inteligente. Eu até acreditava, já que as minhas notas na escola eram geralmente acima da média da turma. Só mais tarde fui descobrir que existem diversos tipos de inteligência.

O meu caso não é nada muito específico ou fora do padrão, apenas uso a razão mais do que o normal. E é uma qualidade boa quando se trata de estudar, passar no vestibular e arranjar um emprego. Afinal, todos querem ser bem sucedidos profissionalmente. É pra isso que serve a vida, não?

Mas, parando com o sarcasmo e voltando pro assunto, percebi há algum tempo que ser muito racional estava se tornando um problema. Isso teve início com o meu interesse por filosofia. Comecei a questionar a fundo coisas que a maioria das pessoas tomam como verdades absolutas ou simplesmente não se incomodam em pensar, e cheguei à conclusões que preferia não ter chegado.

Quando falo em conclusões, entenda-se probabilidades, e a seguir está o que eu acho mais provável que aconteça comigo:

Como indivíduo, qualquer dia desses algo vai dar errado e meu corpo vai parar de funcionar. Minhas células vão morrer, meu cérebro se desintegrar aos poucos, e com ele todo meu conhecimento, minha consciência e jeito de pensar vão ser perdidos. Pra sempre. Sem jardins felizes com as pessoas que eu gosto, apenas o nada.

Como espécie, nunca vamos alcançar uma sociedade colaborativa com paz mundial. O mais provável é continuarmos nos matando indefinidamente por pedaços de terra, crenças, etnias, dinheiro ou seja lá qual for o motivo. Mesmo com conhecimento suficiente pra fazer um mundo melhor pra todos o instinto de macaco continua mais forte.

Como consciência racional não há nenhum motivo para querer existir. O que nos dá o desejo de existir e se sentir bem é nosso instinto (e sem isso teríamos sido um fracasso evolutivo).

O conflito entre a provável realidade que a razão apresenta e a vontade instintiva de existir e me sentir bem só acaba num sentimento de decepção. E isso me leva a questionar a própria racionalidade (espero que não entre numa recursividade infinita que trave o universo). Como não posso simplesmente esquecer as conclusões que cheguei, vejo duas opções: descobrir um jeito de ser menos racional ou, ironicamente, buscar uma outra solução racional pro problema. E provavelmente vai ser a segunda. A razão é uma vadia mesmo.

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